Monday, April 12, 2010

"Doravante, aviões separados", disse Socorro

Pela manhã Socorro bateu na minha porta. Conforme tinha antecipado por telefone, viera buscar os quadros de Normando que estavam comigo e que eu tinha prometido lhe entregar em uma ocasião especial. O ensejo tinha chegado, pois. Ela pintou a casa e está fazendo uma nova decoração, sob a competência de um profissional.

Eu tinha quatro quadros de Normando sob os meus auspícios, mas ela alegou que dois deles eram seus, presenteados pelo próprio autor. Resolvi, então, entregá-la todo o conjunto da obra que estava comigo. Não faria sentido, essa “diáspora” artística. Acredito que pensando nisso, Socorro disse que vai deixar ordens expressas para que os quadros me sejam entregues caso morra antes de mim. Brincando, conjecturei que poderíamos morrer no mesmo dia e na mesma hora. Foi o suficiente para Socorro afirmar que jamais viajaríamos no mesmo avião.

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