Thursday, April 1, 2010

Santas semanas de minha infância

Na época da minha infância não se ouvia falar de Páscoa, mas somente de Semana Santa, período associado à tristeza provocada pelos rituais que lembravam a via crucis de Jesus Cristo.

Certa vez, assisti no Cine Cassino a antiga e tradicional película Paixão de Cristo, muda e em preto e branco. As imagens causaram-me grande impressão, tanto do suplício do Nazareno quanto da sua Assunção, no meio de muita fumaça. Outra vez, em Nova Jerusalém, depois de assistir a encenação da Paixão no “maior teatro ao ar livre do mundo”, inadvertidamente comi uma coxinha de frango que tinha sobrado do meu farnel. Bateu-me uma sensação de culpa sem tamanho. Era Sexta da Paixão.

Lembro também do cortejo de Judas, no Domingo de Páscoa, que sempre passava na Rua da Cruz. Impressionavam-me, sobremodo, os homens travestidos de “viúvas do traidor-mor” que, materializado em um boneco de pano, montava um jumento, dando seu último adeus antes de ser enforcado e implodido lá na beira do Canal, que ficava próximo da minha casa.

O melhor daquelas santas semanas era a fartura que se seguia à quadra invernosa, quando minha mãe fazia panelões de canjica e meu pai incluía na feira bacalhau e muito queijo.

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